Sem título XXII

Gastei tempo procurando versos Aos quais não daria nem um título Procurando feito Drummond Interpretando feito Pessoa Não é comparação É pura alucinação De um pobre prosador Que rabisca a tinta Na tela chamada leitor. A arte está em seu sorriso.

Sem título XVI

Li-me, tá! Sem me limitar. Só pra melhorar. Leio-te, viu! Com mui enleio. Só pra aperfeiçoar O que és O que crê O que ví. As páginas crescem assim!      

Restos

Se a ira que consome A dor que chora Revela de vez o pranto O alarde que antes devora.   Se pudesse ver o espírito Travar luta com a face Jorraria da guerra sangue límpido Sem instrumento que assim o tocasse.   Os restos que murmuram na relva Exalam o medo repentino da morte No…

Ossos

Tenho sede… Rasgo meu féretro Que logo se transforma numa tempestade. Meu corpo traidor Entrega-se inerte E vulnerável…   No deserto O sol da manhã se adentrou. Esquiva-se furtivamente O estandarte. Ilusões perdidas Envoltas às analogias do ermo.   Tenho frio… Não sinto meu jazigo De onde emerge o estranho. Outrora o relento fora algoz…

Lágrimas

As lágrimas são o meu refúgio E conforto. Deslizam pela minha face E fazem do meu retrato Uma imagem de solidão.   As lágrimas lavam o meu cerne E dão vida e cor Aos meus olhos tristes.   As lágrimas rompem o meu orgulho São delicadas… São fortes A ponto de desvendar As minhas mais…

Exéquias

Por favor, Não quero dizer o que sentir. Esteja onde estiver, Obrigado por existir. Não estou longe, Posso assegurar. Estou aonde estará.   Desnudo, O vento sopra onde quer E se por vezes Algo infame me escapou pelos dedos, Peço perdão. E tenho que admitir: “– Morria todo dia Por deixar definhar meus tesouros Em…